Como sou filho de espanhol, tenho dupla cidadania. Nasci brasileiro, mas atualmente possuo também passaporte espanhol. O mesmo acontece com a nossa querida uva Tannat, em relação ao Uruguai.
Nascida francesa, em Madiran, acabou adaptando-se tão bem em terras uruguaias, que ganhou seu passaporte, digamos assim. Chegou em solo celeste, em 1870, trazida por Don Pascual Harriage e, que hoje, dá nome a um belíssimo vinho, que tive o prazer de degustar nessa recente viagem que fiz ao Uruguai.

Duzentos anos após a chegada de Don Pascual, com as primeiras vinhas, imigrantes bascos deram o grande impulso à Tannat e, hoje essa uva espetacular ocupa 1/3 da viticultura uruguaia, composta de cerca de 400 vinícolas, sendo 30 de expressão internacional.
O clima marítimo temperado, já que o Uruguai está cercado pelo oceano Atlântico, rio da Prata e rio Uruguai, deixa a temperatura noturna mais baixa e, associado ao sol, proporciona uma maciez à Tannat que ela não tinha em sua terra natal.
A Tannat é definitivamente uma uva de personalidade. Com taninos bem marcados (daí vem o nome da uva) e teor médio de álcool, mostra muita afinidade com o carvalho. Na França costuma ser mais dura, mas em terras uruguaias suavizou-se e adquiriu elegância.
Tannat acaba sendo frequentemente misturada (blend ou corte) com a Merlot para moderar sua adstringência ou com a Cabernet Sauvignon, para dar-lhe mais estrutura. Mas nessa minha recente viagem ao Uruguai, tomei preciosidades de cortes da Tannat também com Shiraz, Pinot Noir e Petit Verdot, verdadeiras jóias !! Cabernet Franc na França e Viognier (sim, uma casta branca) podem ser utilizadas para cortes com a Tannat.
Os vinhos produzidos com a Tannat, quando jovens, são bastante tânicos, ácidos e rústicos até, mas mostram enorme vocação para envelhecer, ou seja, potencial de guarda.
Exemplares mais antigos de Tannat, mais “curtidos” são aromáticos, com toques defumados e longo retro olfato. Podem ainda nos presentear com belíssima cor vermelho rubi escuro, notas de baunilha e coco (barrica), ameixa, geléia de framboesa e morango. Não é raro ainda, por causa do estágio em barrica, percebermos notas de chocolate, charuto e café.
Inegável é o enorme benefício que a Tannat propicia à nossa saúde. Ela tem casca grossa e muitas sementes (5 em cada bago contra 2 a 3 nas demais variedades) e elevados níveis de resveratrol, que acompanham a alta concentração de taninos (os mais altos junto com a casta Baga, de Portugal) e, assim ajuda a prevenir contra problemas cardíacos e acidente vascular cerebral (derrame cerebral).
A Tannat, diferente de mim, pode ser chamada por vários nomes : Moustrou, Madiran, Harriage ou Bordaleza. Não é por acaso que faz tanto sucesso na América do Sul, já que harmoniza maravilhosamente bem com carnes vermelhas mais gordurosas. Carne uruguaia e a Tannat foram feitos uma para a outra, mas não deixe de combinar a Tannat com chocolate amargo, fica soberbo !!
Prestemos atenção também na Terra Brazilis. Pessoal na Campanha Gaúcha vem fazendo ótimos Tannat. É uma uva que adora sol e calor. Boto muita fé que faremos vinhos de primeira linha nessa variedade tão forte e elegante.
Uma uva de personalidade forte, macia na medida certa e, ainda por cima, faz bem à saúde. O que mais poderíamos pedir em uma relação ?
Estive no Uruguai mês passado e tive a grata satisfação de conhecer a uva tannat pela qual me apaixonei.
Tive oportunidade de saborear muitas garrafas d0 Don Pascual nesse período, só me arrependo de não ter trago mais p casa. Sabe como são as mulheres compram demais.
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Fabíola, eu compro demais (vinho) e sempre me arrependo … de não ter comprado mais !! Mas abafa o caso KKKKK ….
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Eu amei o Tannat da Bouza e o Petit Verdot Don Pascual !! Você tomou ?
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Sempre deixamos na prateleira o que queríamos para o nosso prazer,para o nosso bem viver. Se arrependimento matasse…
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Perfeito !! Por isso, o que sempre digo ; METE O SACA ROLHA !!
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